Pedido por: Ana Paula
— Pare de chorar, meu amor… Vai ficar tudo bem.
Harry falou baixo e calmo encarando os olhos assustados da mulher limpando em seguida as lágrimas em seu rosto com o polegar enquanto a outra mão manteve o cano do revólver apertado contra a testa da mulher, agora ele está sentado sobre os quadris dela, a mantendo imobilizada sobre a cama.
— Por favor… — engasgando com o choro desesperado, (seu nome) suplicou vendo nos olhos do garoto que ele está completamente insano.
— Está tudo bem, confie em mim. — ele sorriu — Eu te amo e nunca mentiria para você. — o polegar que antes limpava os rastros das lágrimas, agora acaricia a pele úmida do rosto da professora que se manteve em silêncio para não aborrecê-lo — Cala a boca, não me apresse! — completamente confusa (seu nome) arregalou os olhos não sabendo do que o garoto estava falando, ela não ouviu ou disse absolutamente nada para que ele respondesse daquela forma — Eu quero fazer as coisas devagar, quero conversar antes de ter a eternidade ao lado dela.
— Harry? — (seu nome) arriscou chamá-lo, ela estava com medo e completamente confusa sobre o que ele falava.
— Sim, meu amor. — os olhos verdes ainda estavam pregados na mulher, ele não ousa desviá-los.
— Po-por que está fazendo isso? — o corpo de (seu nome) dava leves pulos por causa do soluço causado pelo choro — Se me ama, por que está fazendo isso?
— As pessoas querem te tirar de mim e você deixa que elas façam isso. — ele disse entre os dentes apertando ainda mais o cano da arma contra a testa da professora, mas logo suaviza novamente, assim como sua voz — Eu estou fazendo isso por nós dois, eu vou nos levar para um lugar onde vamos ficar juntos para sempre. Para sempre e sempre. Elas me disseram. — ele sorriu grande com o que disse.
— Elas, Harry? Elas quem? — (seu nome) não podia deixar de perguntar, em sua cabeça, quanto mais enrola mais chances de alguém chegar e impedi-lo. Mas quem iria a sua casa naquele horário? Ela estava completamente perdida.
— As vozes, elas torcem por nós dois. Vamos ficar juntos, elas me garantiram. — o polegar de Harry deslizou até os lábios da mulher os acariciando — Vamos nos amar para sempre.
O coração de (seu nome) bateu ainda mais acelerado - se é que possível - ela sabia que estava prestes a morrer, Harry deixou isso bem claro em todas as suas palavras, ele mataria os dois por causa de sua loucura e ninguém sabia o que estava acontecendo para talvez pensar em intervir. Maldita hora que escondeu toda a verdade, tudo que ela desejava no momento era ter contado para todos o que vinha passando com a perseguição do garoto, quem sabe assim ele teria ajuda médica evitando um fim trágico nessa história. Arrependeu-se também de ter saído de casa, de sua verdadeira casa, preferia ficar sem emprego e morar na rua do que passar por tudo que passou ao chegar à Inglaterra.
A imagem de seus pais passou em sua mente a fazendo chorar ainda mais, nunca mais os veria e podia imaginar como ficariam quando recebessem a notícia de sua morte. Pensou nos amigos e nos alunos, pensou em tudo que fez de errado na vida, mas não conseguiu encontrar nada que pudesse a resultar uma morte tão trágica e prematura, ela sempre buscou ser boa com as pessoas.
— Apenas pare de chorar, meu amor. — a voz de Harry ainda era calma e isso era o mais assustador.
— Eu estou chorando de alegria, ficar com você para sempre é o que eu mais quero. — ela fingiu um sorriso tentando seguir uma ideia repentina que passou por sua mente. Ela não tinha nada a perder — Eu fui uma tola todo esse tempo, mas eu sempre te amei… Só não sabia como te dizer. — uma das mãos trêmulas de (seu nome) foi de encontro ao rosto de Harry.
— Elas nunca me deixaram esquecer… Sempre sussurram que você me ama. — mais uma vez Harry sorriu ao mencionar as vozes.
— Elas sempre estiveram certas, eu estou pronta para ir com você. — Harry deslizou o dedo para o gatilho quando a ouviu — NÃO! Não ainda! — (seu nome) se apavorou, seu peito subindo e descendo por causa da respiração descompassada — Podemos nos curtir antes de ir, não fizemos sexo ainda.
— Você sempre tem as melhores ideias. — Harry sorriu de lado — Eu vou adorar te ver montada em mim enquanto aponto essa arma na sua cara.
— Eu estava pensando em uma coisa mais lenta, não só sexo… Eu quero fazer amor com você, Harry. Quero ter seu corpo suado sobre o meu enquanto você aperta minha cintura e puxa de leve o meu cabelo. — (seu nome) sussurrou com a boca próxima a do garoto.
— Porra, eu te amo tanto! — Harry deixou a pistola sobre a mesinha ao lado da cama e segurou a barra da camisa para arrancá-la de seu próprio corpo.
Nesse momento o coração de (seu nome) parecia estar pulsando em seus ouvidos, a adrenalina queimou em suas veias e sem demora ela agarrou a arma a lançando no canto do quarto e jogou o corpo de Harry para fora da cama. Com uma pressa que nem ela sabia que tinha, levantou-se rapidamente e correu para fora do quarto ouvindo Harry gritar um xingamento.
A porta da sala estava trancada e a chave não estava em lugar nenhum da sala, os passos de Harry no quarto eram altos como se ele estivesse correndo e o desespero estava de novo presente, não é como se em algum momento ele tivesse ido embora.
— SOCORRO! PELO AMOR DE DEUS, SOCORRO! — esmurrando a porta (seu nome) rezava em pensamento para que alguém conseguisse escutá-la.
— EU VOU PEGAR VOCÊ, VADIA! — Harry gritou no andar de cima e em seguida (seu nome) pôde ouvir um “achei" não muito alto.
Os passos de Harry se fizeram presentes no corredor e (seu nome) sabia que logo ele estaria na sala. Olhando de um lado para o outro ela correu para trás do sofá e se encolheu abraçando as próprias pernas tentando controlar o choro para não chamar atenção.
— Onde está você, meu amor? Temos que sair daqui… Bem-vinda ao show final. — Harry dizia enquanto estava procurando algum sinal da mulher na sala — Não é hora de brincar de esconde-esconde. Eu te amo e você tem que vir comigo. — a frase final saiu de forma mais raivosa.
(Seu nome) cobria a boca com a mão tentando evitar que algum soluço escapasse e denunciasse sua localização, sua respiração estava descompassada e seus olhos arregalados olhando para os lados com medo de Harry aparecer a qualquer momento.
— Meu amor, eu esto-
A voz de Harry foi cortada por um barulho não muito alto e logo depois um baque surdo no chão, o medo era muito, talvez Harry estivesse tentando atraí-la, mas ela tinha que olhar o que havia acontecido. Respirando fundo e implorando a Deus que não a deixasse morrer, (seu nome) se colocou de quatro ainda atrás do sofá e espiou pela lateral vendo agora Harry deitado no chão e Niall com a arma apontada para a cabeça dele.
— Niall? — ela não pôde deixar de ficar surpresa, um taco de basebol estava aos pés de Niall e ele encarava Harry com os olhos marejados e furiosos — Não faça isso… — (seu nome) disse baixo, mas não nem ao menos recebeu o olhar do garoto loiro.
— Ele estragou nossas vidas… ELE SÓ NOS FEZ MAL! — (seu nome) se assustou com o grito do garoto, surpresa por ele se lembrar do que aconteceu.
— Você será igual a ele se fizer isso… Harry está doente, precisa de ajuda. — (seu nome) não pode evitar odiar Harry, mas Niall só se causaria mal matando ele.
— Eu não me importo! Eu quero que ele morra!
Na tentativa de impedir Niall antes que ele puxasse o gatilho da pistola, (seu nome) se levantou do chão e correu em sua direção, mas antes de que fizesse algo o dedo de Niall deslizou e o barulho que ouviram a seguir surpreenderam os dois. A arma não produziu barulho de disparo, ela produziu o barulho que indicava que não havia balas no revólver.
Com a mão no rosto (seu nome) deixou seu corpo cair no chão se encolhendo e chorando alto enquanto Niall deixava a arma cair ao lado do corpo de Harry.
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(Seu nome) respirou fundo de costas para o avião, ela estava prestes a entrar e fazer o caminho de volta ao lugar que nunca deveria ter saído e isso deixa seu coração leve. Haviam se passado duas semanas desde que Harry fora internado em um clínica diagnosticado com esquizofrenia, os gritos dele ao ser arrastado por policiais de dentro de sua casa ainda a assustava, ele chamava por seu nome com tanto desespero que parecia que estavam o partindo ao meio.
O diretor Grimshaw não a demitiu como pensava, ele entendeu que o acontecido foi fora das dependências da escola e deu o assunto como encerrado, mas depois de tudo (seu nome) não continuaria ali, faria as sessões de terapia com algum psicólogo do Canadá onde estaria novamente na aba de seus pais longe de qualquer perigo. Niall também precisará passar por terapia, todo o acontecimento o causou variações de humor e agressividade, no fim, todos estavam danificado de alguma forma.
A loucura de Harry quase enlouqueceu todos os envolvidos, mas agora as coisas estavam caminhando para o rumo certo. Talvez todos fiquem bem com o tempo.
Essa última parte foi postada há cem anos lá no tumblr e eu esqueci de trazê-la pra cá.
Caso alguém não tenha lido, aí está. :)